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Filme lésbico tem ótimo elenco e bons momentos, mas fica na superfície

Sensível e delicado são adjetivos que acompanham as descrições do filme “Minhas Mães e Meu Pai” em cartaz no País. A diretora Lisa Cholodenko de fato passou longe de personagens caricaturais neste drama com ares de comédia que pretende expôr as nuances de uma família de configuração nada tradicional, mas contemporânea ao universo do mundo ocidental. Isto, porém, não significa que ela só tenha acertado.
No longa, Nic (Annette Bening) e Jules (Julianne Moore) formam um casal que está junto há tempo suficiente para ter conseguido tudo o que uma relação hétero teoricamente ambiciona: casa, filhos, carreira e uma vida sexual tediosa. Elas são mães de Joni (Mia Wasikowska, a Alice de Tim Burton) e Laser (Josh Hutcherson). É o bonitinho Laser quem mudará a vida de todos, inclusive a rotina. sexual do casal.
O filho mais novo pede à irmã, que já completou 18 anos e pode ter acesso aos cadastros, que entre em contato com o doador de esperma – também conhecido como pai ou o homem que possibilitou que suas mães engravidassem. Entra em cena Paul (Mark Ruffalo) que cativa os filhos que não conhecia, ganha antipatia gratuita de Nic e leva Jules pra cama.
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É quando acontece a descoberta do caso de Jules e Nic que o filme ganha um tom mais dramático, mas também mais esquemático. A partir daí, você perceberá que todas as personagens, como coadjuvantes de uma novela latina (excetuando as brasileiras) têm a única função de reafirmarem características nos personagens principais, sendo descartadas quando a diretora bem entende. Impossível discorrer mais sobre isso sem contar o final do filme.
A trilha sonora é moderninha e bacana, mas a instrumental, no último terço do longa, peca pelo exagero. Cholodenko reforça demais os momentos dramáticos de seus personagens, o que é uma bobagem quando você tem atores do calibre de Bening, Moore e Ruffalo. Os três, aliás, estão em todas as pré-listas do Oscar 2011 como possíveis indicados ao prêmio como Atriz, Atriz Coadjuvante e Ator Coadjuvante respectivamente.
A despeito das duas estarem muito bem, o burburinho em torno de seus nomes chega a ser um exagero. Ambas já tiveram papéis que exigiam muito mais de suas habilidades de atrizes. Ruffalo, sim, está num momento exepcional. São dezenas de sentimentos que seu Paul mistura e expressos de maneira tão sublime que a vontade de levá-lo pra casa é grande. Mas não sonhe com isso. Paul quer mesmo é fazer parte dessa família criada por Cholodenko de uma maneira ou de outra. A diretora lhe foi generosa em alguns momentos, mas deixa a sensação de que poderia ter se permitido e se aprofundado muito mais no universo de seus personagens.

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